2048 de um jeito que eu nunca imaginei!
- Lucas Moretto
- 28 de jun.
- 4 min de leitura
2048 - Dungeons renova a fórmula clássica com novas mecânicas e camadas de desafio.

Quando o Dudu me disse que tínhamos recebido uma chave para review e que essa ele fazia questão de ser pra mim, eu pensei em 2 coisas, ou tem robôs gigantes envolvidos ou tem boneco de cabelos brancos, são ambas as bobeiras que costumeiramente são atreladas a mim.
Mas não, era algo mais profundo, algo que só alguém que vê quadrados numéricos subindo e descendo dos reflexos do meu óculos durante gravações de vídeos atrelaria a minha pessoa. E é aqui que entra o objeto deste review: 2048 - Dungeons.
Eu sou um jogador assíduo de 2048 desde o lançamento do jogo em 2014, joguei compulsivamente durante todas as aulas possíveis do meu terceiro ano, e de lá pra cá vem sendo meu jogo tanto de ouvir, quanto de gravar podcasts.

O jogo foi feito pelo estúdio brasileiro Retroverse, fundado em 2023. Hoje a equipe consiste em 4 pessoas e tem 2048 - Dungeons como seu jogo de estreia.
São 10 anos e eu não quero me gabar, mas nesse tempo eu decorei os números 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128, 256, 512, 1024 e finalmente 2048, então achava que eu entendia este jogo e que nada mais poderia ser inventado em cima de um tabuleiro 4x4.
Mesmo quando a fórmula do jogo original se repete, ainda há espaço para inovação e experimentação com o conceito. 2048 - Dungeons é, antes de tudo, um roguelike ou seja, um jogo que aposta na repetição de desafios, em que cada morte leva a um recomeço do zero mas com a oportunidade de comprar melhorias para sua próxima partida.

O jogo apresenta 3 modos: História, Arcade e Endless (sem fim). Seu modo história se inicia na escolha de um personagem, representado basicamente por sua classe e ali temos: a clériga, a ladina, o mago e o guerreiro, cada um contendo uma habilidade que vai te auxiliar na sua jornada e um visual único.
O modo História também apresenta um sistema de progressão da vila Blockshire. Através de moedinhas arrecadadas durante as partidas consegue "consertar" a cidade, desbloqueando novos locais como a taverna, onde você pode contratar mais personagens para seu grupo e a loja para a obtenção de itens e outras atividades regulares de RPGs.
O modo Arcade é um modo história mais simples, mais direto ao ponto. Você começa uma partida porem sem a necessidade de voltar para a cidade, para desbloquear aliados e comprar itens. E em função desta simplicidade, apresenta inimigos com menos vida.
O modo Endless consiste em um formato ainda mais simplificado. Lembrando o jogo original, porém com monstros cogumelos que atrapalham sua partida. Nele você não escolhe personagem, habilidades ou itens, e ele vai até você travar seu tabuleiro de opções de combinação.

O grande twist de 2048 - Dungeons é que ele se propõe a ser um RPG medieval, incluindo em suas partidas inimigos, onde cada um deles tem como HP os números citados acima (2, 4, 8…), sendo assim, seu objetivo aglutinar o mais rápido possível uma ‘pedra’ com este valor número, para que ela seja lançada em direção ao inimigo para eliminar ele. Em contrapartida, você não é o único que ataca aqui, afinal é um RPG.
Os inimigos possuem ataques que irão atrapalhar seu progresso, apresentando um marcador temporal que decai na medida que você movimenta suas pedras. No fim da contagem um efeito é lançado em uma pedra em seu tabuleiro, os efeitos são variados, como por exemplo não poder movimentar mais ou não enxergar o valor numérico.
Um desses efeitos, proíbe a junção de uma pedra específica, caso você quebre essa regra e a junte com uma semelhante ela explode em uma bola de fogo e dá dano na sua vida.
Outro ponto que chama muito atenção em nossa jornada por 2048 - Dungeons é a sua arte. Os monstros que nos atormentam em cada partida tem um estilo muito bonito, com modelos bem detalhados. Lembram bastante os designs clássicos de Warcraft 3 e da Blizzard no geral. Tantos os inimigos quanto os personagens, que podem ser contratados na Taverna, trazem ao jogo um toque de surpresa, uma vez que aparentam ser gerados de maneira procedural.

Também acredito ser relevante ressaltar que nas partidas existe um mapa, desenhado de maneira simples mas objetiva. Depois de cada encontro existe a possibilidade de escolher o próximo, variando entre loja, encontro aleatório, inimigos de "elite" e uma espécie de mercador.
Esse mercador, o o lich Ak’zoox, talvez tenha sido o ponto que mais me incomodou no jogo. Apesar de um design de personagem muito bonito, ele nos oferece 3 opções de benefícios atrelados com malefícios, um esquema alto risco x alta recompensa. Um exemplo é o item que dá um coração a mais, mas você não pode usar itens novamente.
Meu incômodo com o sistema é que em grande parte o malefício me parecia muito maior que o benefício além de não ter a opção de recusar a oferta. Eu aceitava, mas com um gosto amargo, onde preferia simplesmente ter ignorado a interação.
2048 - Dungeons é um ótimo jogo e um ótimo passatempo, assim como sua principal inspiração o 2048. Sua estética e novas mecânicas trazem um frescor a fórmula simples do jogo original, ele nos mostra que muitas vezes não é necessário reinventar a roda, mas aprender a construir a bicicleta em volta, para tornar o habitual ainda mais interessante.
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